Mar 19, 2007

Megalitismo intemporal…

Com este post pretende-se iniciar um espaço de debate em torno de questões relativas à perpetuação dos espaços megalíticos como locais significantes na construção das Paisagens alentejanas, em particular durante a Proto-história.
A necessidade de entendimento destas realidades megalíticas numa perspectiva diacrónica tem vindo a colocar um sem número de questões que esbarram, principalmente, na falta de dados e na devida valorização de alguns elementos, muitas vezes marginais, que testemunham a longa vida de um monumento.
Com uma longa tradição de investigação que sempre fomentou uma visão especializada crono-espacialmente, os outros momentos da existência de um monumento foram sendo sistematicamente apagados das leituras “sincrónicas” que deles se faziam. Exemplo paradigmático desta situação são as colossais obras do casal Leisner de onde, como afirmam taxativamente algures, foram extirpados todos os dados não relevantes para as leituras culturais pré-históricas, ainda que assinalem a sua presença frequente. Todavia, ironia do destino, será justamente o velho e clássico Megalithgraber uma das fontes mais relevantes para a identificação das utilizações da Idade do Bronze no megalitismo alentejano, talvez pela incapacidade de as isolarem, dado o grande desconhecimento que tinham, e temos, sobre a Idade do Bronze da região.
A utilização dos Monumentos Megalíticos ao longo da Proto-História do Centro-Sul do país esteve certamente associada a novas e velhas estratégias sociais, que não poderemos resumir a estratégias de legitimação de poder, como se tem feito até ao momento.
A complexidade das utilizações e dos rituais, que muito certamente lhe estariam associados, ajudariam a construir um Passado e uma Memória individual e colectiva socialmente activa no presente e estruturante no futuro.
Intenta-se, então, a Construção de um novo Passado que, agora como antes, passe pelo retornar ao Monumento, dotando-o de novos significados.

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